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quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Faltou falar...

Olá gente,

Faz muito tempo que não paro para conversar com vocês, meio que deixei meu blogger de lado, e de vez em quando, que me ocorre algo, resolvo postar, entretanto, voltei a reler aqui e percebi que tinha prometido contar em 2016, no post do Desfralde da Mariana, iria relatar o reencontro dela com minha mãe (que aquela altura estava 10 dias internada no Hospital Beneficente Portuguesa de Belém), mas tanta coisa aconteceu, e eu não tive tempo mais para escrever, andava muito preocupada com a minha mãe, que meio que esqueci, essa é a verdade.
Me peguei relendo meu blog, até porque passei o link para a Boadrasta da Mariana (ahhh, Pimentinha está entrando em contato com o pai, e junto com ele veio uma BOADRASTA MARAVIGOLD, que em outro post conto melhor sobre eles). SIGAMOS NO REENCONTRO.

Arquivo pessoal: mamãe escolhendo uma peruca de cabelo natural
O ano era 2016, mamãe estava cada vez mais debilitada, o câncer dela que até aquele momento a gente achava ainda ser de mama, já estava na fase terminal, minha mãe entrou andando na emergência daquele hospital e agora não conseguia parar sentada na cama, trocava as palavras simples como: "Liga a Tv!" mas ela falava "Liga a privada" (e na cabeça dela, ela tinha falado TV), o quadro foi se agravando e minha prima (filha da irmã mais velha de minha mãe) que é médica perguntou, ela está tomando Decadron (*) e eu disse, acho que estão dando, vou perguntar para enfermeira (gente não se iludam quem cuida diretamente do paciente não é uma enfermeira, elas ficam na sala de enfermagem fazendo alimentação de informação de paciente, medicamentos que cada médico disse que tinha que dar pra cada paciente, caminham lado a lado com a nutricionista do hospital - aquela parte burocrática, quem fica aplicando os remédios, verificando pressão, dando banho, no tal paciente é o técnico de enfermagem, esse sofre minha gente), perguntei e na ficha da minha mãe não constava a bendita Dexametasona (esse remédio fazia com que o edema no cérebro da minha mãe fosse controlado...), minha prima como tinha autonomia trabalha pela UNIMED conseguiu ter autonomia dentro do hospital, solicitou para enfermeira que incluísse o remédio pra ela... até então ela já tremia as mãos como se tivesse parkinson, esquecia nossos nomes como se tivesse alzheimer, não andava e nem mexia as mãos como se fosse tetraplégica, foi aí que outra médica de uma clínica que mamãe se tratava, em um acompanhamento a pacientes do IASEP (ahhh mais uma histório para novo post, mas este eu deixo pra fazer no meu pessoal), veio me dizer a pior notícia que podia ouvir (não a culpo, eu penso que ela achava que eu sabia), a doutora me disse: VOCÊ SABE QUE ISSO É INÍCIO DO FIM... gente pausa pq eu eu já tô chorando aqui.

respira fundo...

Eu gritava enlouquecida no hospital, se acham clichê novelas mexicanas, com toda aquela encenação de drama, vocês precisavam me ver no momento que me contaram sobre minha mãe... eu simplesmente cai no chão e gritei (hoje eu tenho a idéia que sou muito "esparrenta"), que a técnica que cuidava da minha mãe me injetou calmante... eu não sabia que mamãe iria morrer (ela sabia, eu não... mamãe foi meticulosa, sabendo do fim, ela agiu por baixo dos panos e hoje quase 3 anos após seu falecimento soube de muitas coisas que mamãe fez pra deixar a neta confortável que tb conto em outra oportunidade).

respira mais um pouco... agora vem a pergunta, onde a Mariana entra nessa história???


Sabendo que mamãe poderia não sair do hospital, meu pai pediu que pelo amor de Deus deixasse ela ver a neta, poderia ser a última vez, mamãe após tomar o dexametasona algumas de suas funções voltaram, a fala, a tremedeira parou, então veio a memória e ela não parava de chamar a princesa dela, pedia pra falar com ela ao telefone... nenhum médico permitiu a visita, era arrsicado, meu pai, pediu pra falar com o diretor do hospital e explicou tudo pra ele, então o diretor deixou (agradeço muito a essa pessoa por isso). O hospital tem uma escadaria bem na frente (ainda é mantida a placa Hospital D. Luiz I)

Imagem retirada do site oficial do hospital.
O diretor disse o seguinte: ela não pode entrar no hospital devido risco de contaminação dela, mas o que podemos fazer, leve a paciente para o portão central e coloque sua neta na escadaria, para que elas se vejam. e assim fizemos, ia acontecer a troca de acompanhante eu estava no posto, eu ia trocar com a minha tia, e meu pai veio até o hospital com a Mariana (naquele tempo ela tinha só 4 anos).

Arquivo pessoal: Momento eternizado, entre vó e neta.
Aconteceu o reencontro, mamãe em cadeira de rodas, e ela sentou no colo da avó e ria, porque não entendia a gravidade da doença da avó... ela ria da situação... pq todos choravam naquele momento. e sem entender, até perguntou, na inocência de criança: "Poquê tão cholando?" posso dizer que este encontro não foi o último, não, ela saiu do hospital 3 dias após a foto, e marquei com um amiga fotógrafa para que ela eternizasse fotos dela com a avó para que no futuro, eu pudesse contar pra Mariana quem ela foi na vida dela, durante os 4 anos e 8 meses em que conviveram.

O sonho de minha mãe de ser vó foi realizado, sei que ela sente falta da Pimentinha, e sei que ela tem visitado Mari em sonho, porque quando a Mari fala, senti o cheiro da vovó, ou que a vovó amava ela, sei que mamãe cochichou algo em seu ouvido.

Mãe, saudades eternas.


sábado, 4 de abril de 2015

Racismo em pleno Século XXI

Estava lendo um desabafo de uma mãe, e fiquei tocada, porque tenho uma filha linda, gostosa, maravilhosa e negra, já passei por racismo aqui mesmo no blog, sobre a cor da minha filha e acho tão ridículo que isso aconteça, mas é verdade, AINDA ACONTECE… leiam o que a mamãe Camila Reis desabafa:

camila-RACISMO

RACISMO! Desabafo…. De uma mãe de filha Negra!
Não estava em casa quando recebi via Whatsapp uma mensagem de voz do celular da minha filha, seguida da seguinte mensagem escrita:
“Olha como eu sofro”
Ela já vinha reclamando há algum tempo sobre bulling na escola e no condomínio onde moramos, todos relacionados á sua raça negra e ao seu cabelo (ela usa canicalom, um tipo de aplique trançado no próprio cabelo).
Por incrível que pareça, na semana passada recebi uma ligação da escola dela dizendo que ela estava sendo mudada de turma, pois a turma na qual ela foi colocada para estudar este ano “não havia se adaptado a ela”, então ela vinha sofrendo agressões verbais diariamente. Isso deixava ela arrasada, comecei a notar que todos os dias ela chegava em casa chateada, triste e desmotivada. Nunca fui do tipo de mãe que passa a mão na cabeça e sai correndo para acudir seus filhos nas primeiras dificuldades que eles encontrar, então, tentei através de orientação mostrar pra ela que aquilo era passageiro, que muitas pessoas já passaram por isso e que ela tinha que aprender a lidar com a situação, afinal de contas, quem nunca sofreu buylling em período escolar? Pensei que agindo assim eu a ajudaria a superar as dificuldades que fosse enfrentar na vida.
Enfim, coloquei meu fone no ouvido, e apertei o botão “REPRODUZIR”, que susto eu levei...logo a primeira frase gritada em alto e bom som foi “SUA PRETA, TESTA DE BATER BIFE DO CARA*****...”, foram 53 segundos de ofensas horrorizantes, palavrões ofensivos , a nível físico, racial e por incrível que pareça sexual, vinda de um garoto de aproximadamente 13 anos morador do condomínio onde vivemos.
Nesta hora meu instinto protetor materno bateu mais alto, me deu um desespero tão grande, uma vontade imensa de fazer com que aquilo não tivesse acontecido, de tentar impedir aquela situação, uma falta de ar, eu não estava acreditando que aquilo estava acontecendo, eu não conseguia acreditar que um ser humano nascido no seculo XXI poderia raciocinar de maneira tão preconceituosa e cruel.
Fui tomada por um desespero tão grande, porque estavam fazendo aquilo com a minha filha? Uma menina linda, meiga, simpatica, inteligente. Porque discriminar e denegrir uma pessoa a esse nível tão baixo?
Pedi para ela me mandar todos os áudios que tinha recebido, uma sequência de mais de 20 áudios aproximadamente, então percebi que os áudios estavam sendo enviados de um grupo de amizade da qual ela faz parte, todos os participantes do grupo são do condomínio, onde 2 meninos a ofendiam enquanto alguns outros incentivavam as ofensas.
As frases que mais marcaram e mais me assustaram foram:
“SUA PRETA, TESTA DE BATE BIFE DO CARA******!”
“EU SOU RACISTA MESMO, QUANDO EU QUERO SER RACISTA EU SOU RACISTA, ENTENDEU?”
“TODA VEZ QUE EU ENCONTRAR ELA NA MINHA FRENTE EU VOU ZUAR ATÉ ELA CHORAR”
“VOCÊ VAI FICAR NESTE GRUPO ATÉ VOCÊ CHORAR”
“CABELO DE MOVEDIÇA, CABELO DE MIOJO, CABELO DE MACARRÃO”
Muitos dos colegas ficaram quietos e preferiram nao se manifestar, um deles até saiu do grupo quando as ofensas começaram, teve outro que se revoltou e disse que estavam passando dos limites e que aquilo já era desrespeito demais.
Entrei em choque, diante de tantas agressões psicologicas, tamanha inconsequência dessa juventude que ainda nos dias de hoje se comporta de maneira tão cruel, não posso encarar essa situação como “coisa de criança”, racismo nunca foi coisa de criança.
Como mãe e maior responsável pela minha filha, me sinto no direito e na obrigação de divulgar esse acontecido porque a partir de hoje travo uma luta pessoal contra o racismo e contra o buylling.
E se vc é contra o RACISMO e contra o BUYLLING...compartilhe!
RACISMO É CRIME! NÃO TOLERE, NÃO FIQUE QUIETO, NÃO SEJA PASSIVO NESTA SITUAÇÃO.
Fico imaginando quantas crianças e adolescentes passam por esse tipo de situação todos os dias e simplesmente não fazem nada, por medo ou por vergonha. Ser NEGRO não é uma vergonha, a pele negra carrega uma história muito longa cheia de lutas, conquistas e vitórias, NEGRO É LINDO! Vergonhoso mesmo é agir de forma tão preconceituosa, primitiva, covarde e cruel.
E PASMEM... PARA AQUELES QUE PENSAM QUE RACISMO É COISA DO PASSADO, ISSO ACONTECEU EM 31/03/2015 NO BRASIL, O PAÍS DA MISCIGENAÇÃO, ESTADO DE SÃO PAULO, CIDADE DE SÃO BERNARDO DO CAMPO! Minha vontade é de gritar bem alto NÃO AO RACISMO! TOLERÂNCIA ZERO.

quarta-feira, 4 de março de 2015

A dor da perda...

Muitos sabem da minha "perda", como posso dizer uma sandice dessa? Como perda?? A gente devolveu o Bruno para o Pai, nesta vida ele veio pelo ventre de minha mãe e conviveu conosco por 31 anos e 23 dias... com autos e baixos, brigas, piadas e muita gargalhada, hoje ficamos na saudade, hoje revejo sua foto todos os dias sem acreditar nessa nova situação... a atriz Ana Rosa relata muito bem o que sentimos quanto a morte de meu irmão:


DEPOIMENTO DA ATRIZ ANA ROSA SOBRE A DOR DA PERDA DE UMA FILHA

     Algumas vezes eu representei cenas de perdas de entes queridos em novelas. No dia 17 de novembro de 1995, no velório de minha filha Ana Luisa, nascida em São Paulo no dia 10 de dezembro de 1976, eu não queria acreditar que estivesse vivendo aquilo de verdade.

     No dia seguinte, saí para comprar alguns presentes de Natal. Afinal, meus outros seis filhos ainda estavam ali e precisavam da mãe. Mas eu parecia um zumbi. Numa loja, me senti mal. Tontura, fraqueza, parecia que meu peito iria explodir, que eu não iria agüentar tanta dor. Pedi à vendedora que me deixasse sentar um pouco. Eu estava quase sufocando, as lágrimas queriam saltar de meus olhos. Mas eu não queria chorar. Queria esconder minha dor, fazer de conta que aquilo não havia acontecido comigo. Bebi água, respirei fundo e saí ainda zonza.
     Eu sempre acreditei que iria terminar de criar minha filha, como todos os outros. Que iria vê-la formar-se em veterinária. Vê-la casada, com filhos. Achava que teria sempre a Aninha ao meu lado. Um dia, ela me contou que quando era pequena e eu saía pra trabalhar, ela sentia medo de que eu não voltasse. Por isso ficava sempre na porta de casa me olhando até eu sumir de sua vista. Por isso vivia grudada em mim.
Imagino que ela já pressentia ainda criança, que iríamos nos separar cedo. Só que foi ela a ir embora. Foi ela que saiu e não voltou mais. Foi ela que me deixou com a sua saudade. Para amenizar a falta, o vazio que ela deixou, eu ficava horas revendo os vídeos mais recentes com suas imagens. Nossas viagens, festas de aniversários, a formatura da irmã, seu jeitinho lindo tão meu conhecido de sentir vergonha.
     Ela com o primeiro e único namorado. O gesto característico de arrumar os cabelos. A sua primeira apresentação de piano. Nesse vídeo então, eu ficava namorando suas mãos de dedos longos e finos. Até hoje eu me lembro de cada detalhe das mãos da Aninha. Assim como me lembro de cada detalhe de seus pés, do seu rosto...
     Dali pra frente, o que mais me chocava e surpreendia era que todo o resto do mundo continuava igual. Como se nada tivesse acontecido: o sol nascia e se punha todos os dias, as pessoas andavam pelas ruas. O mesmo movimento, barulho. O mundo continuava a girar. Tudo, tudo igual. Só na minha casa, na minha família, dentro de mim, é que nada mais voltaria a ser como antes. Faltava minha filha, Ana Luisa!
     Eu passava, quase diariamente, nos lugares comuns: o colégio Imaculada Conceição, em Botafogo. Cinema, lanchonete, restaurante, o metrô, onde tantas e tantas vezes viajamos juntas. A loja das comprinhas, o shopping, o parquinho, o clube onde fazia natação. A praia de Botafogo onde ela foi atropelada, o hospital Miguel Couto, onde passamos as horas mais angustiosas de nossas vidas.
     O cemitério São João Batista, onde repousam seus restos mortais. Até hoje cada um desses lugares me lembra alguma coisa de minha filha. Até hoje guardo as lembranças de seus abraços, seus chamegos, o cheirinho da sua pele, o calor, seu carinho e aconchego. Ana vivia literalmente pendurada em mim. Já grandona, maior que eu, mas sempre como se fosse meu nenê pedindo colo.
     Saudade. Saudade. Saudade, minha Aninha.
     Não fosse a minha fé e a convicção de que a vida não termina com a morte, não fossem os outros filhos que ainda precisavam de mim, acho que teria pirado. Além da família, o trabalho, a terapia e o estudo da doutrina espírita me deram forças para superar a separação e a falta da Ana Luisa.
     Sou e serei eternamente grata ao meu Pai do Céu, porque fui agraciada com muitos sinais de que a separação é apenas temporária. Alguns dias após sua passagem entrei em seu quartinho que ficou inundado pelo cheiro de rosas. Instintivamente fui olhar pela janela. Naturalmente o cheiro não vinha de fora. O perfume intenso era só ali dentro.
     Um mês depois, no grupo que eu freqüentava no Centro Seara Fraterna, minha filha se manifestou. Ainda meio confusa pela mudança abrupta e repentina, mas já consciente de sua passagem. Naquela noite, o buraco no meu peito que parecia uma ferida sangrando, mudou de aspecto. Continuava a doer, mas a certeza de que minha filha continuava e continua viva em alguma outra dimensão me trouxe uma nova perspectiva. A de que eu poderia chorar pela sua ausência, nunca pelo seu fim.
     Dalí pra frente, algumas vezes vi, em outras pressenti, sua essência ao meu lado. No decorrer desses doze anos, recebi, por acréscimo de misericórdia, um bom número de mensagens dela. Uma das últimas foi através de um médium reconhecido, que foi fazer uma palestra num evento que eu apresentava. Sem que eu esperasse ou solicitasse, ele disse que via uma jovem ao meu lado – me descreveu exatamente minha filha - e que ela me apontava para ele dizendo: é esta aqui, ó.
Esta é que é a minha mãe. Quando me sentei, ele disse que ela sentou-se no meu colo. Entre as várias coisas no recado que me mandou, encerrou dizendo que as violetas (enceno a peça “Violetas na janela” há 11 anos) que ela cultiva onde se encontra, não serão colocadas na janela, e sim, serão usadas para fazer um tapete de flores para eu pisar quando chegar lá.


Lindo não???