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terça-feira, 23 de setembro de 2014

Aprendendo (ou tentando) reverter a birra

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Estou vivenciando um período da Mari que espero que passe, porque olha, é de querer sumir do mapa… junto com os 2 anos, chegou as BIIIRRRAS, meu Senhor Jesus Cristinho, todos os dias ela apronta uma nova:

    1. Não quer tomar banho para ir pra escola - CHORO
    2. Não quer comer comida, só açaí (que não deixa de ser comida, mas a gente prefere primeiro dar um prato de arroz e feijão com carne antes do açaí) - CHORO;
    3. Quer andar pelada, e se tentar vesti-la – CHORO;
    4. Não quer sair do banho para dormir, CHORO
    5. Quando vai a piscina, chora pra não sair - CHORO…

Enfim, rem horas que não dá para aguentar tanta birra, vejo amigas com seus filhotes bonzinhos, e olho para minha que é uma menina incrível, inteligente, mas birrenta e penso: “Porque tão peralta, e brava, meu DEUS?” Então, para não ter crisas homéricas de raiva, ou querer partir para palmada DESNECESSÁRIA (não que haja palmada necessária, mas tem horas que perdemos as estribeiras e metemos os pés pelas mãos), eu andei pesquisando como agir com minha pimentinha, ela tem apenas 27 meses - 2 anos e 3 meses), precisei recorer até psicólogo para aprender a lidar com essas peraltices da minha filha, que ela pudesse me respeitar.

1. Ter em mente quem é a criança, e quem é o adulto

Muitas vezes, diante de uma ‘birra’ de nossos filhos, agimos com tanta ou mais infantilidade do que eles. Nessas horas, é importante lembrar que nós somos os adultos da situação, e por isso podemos olhá-la com mais discernimento, e conseguimos controlar nossas atitudes com mais maturidade (ou pelo menos deveríamos). Na hora da birra, não entre em disputa com seu filho para descobrir quem consegue irritar quem com mais eficiência. As crianças ainda estão aprendendo a lidar com as situações difíceis da vida, e para isso precisam da ajuda de alguém com a cabeça no lugar.

2. Ajudar a criança a nomear seus sentimentos

A imaturidade emocional da criança, para quem lidar com o outro, com o mundo e com os próprios sentimentos, é um aprendizado diário (e para nós, adultos, tantas vezes ainda não é?), às vezes impede que ela compreenda com clareza as sensações que lhe bagunçam por dentro e lhe fazem reagir desta ou daquela maneira. Ajude seu filho a olhar para si e entender o que se passa. Dar nome aos sentimentos, fazendo perguntas e questionamentos sensíveis e delicados, e estimular a criança a nomear o que sente pode ajudá-la a organizar-se internamente, e tranquilizar-se como consequência.

3. Demonstrar empatia

Não desvalorize os sentimentos do seu filho, nem diminua a importância que o motivo da crise tem para ele. Você pode não compreender seus porquês, mas deve respeitá-los, porque ele é uma pessoa diferente de você. Nunca tente tirar uma criança da crise dizendo que “não é nada” – se não fosse nada, a ‘birra’ não estaria acontecendo. O ‘chilique’, por si só, já é prova da importância que a situação tem para o seu filho, portanto demonstre que você respeita seus sentimentos e quer ajudá-lo a lidar com eles da melhor maneira possível.

4. Dê carinho

Quando passamos por uma situação desagradável, qualquer que seja ela, poucas coisas nos confortam tanto quanto o acolhimento das pessoas que nos querem bem. Um abraço apertado, um aperto de mão ou um cafuné fará a criança perceber que não está sozinha e, principalmente, que não deixou de ser amada por ter agido assim ou assado. Quando você acolhe seu filho nas horas mais delicadas, está ensinando a ele que o amor não é mercadoria que se dá e tira quando bem se entende, e que o amor não julga e não impõe condições. Algumas crianças recusam o acolhimento físico em um primeiro momento – e só a sua experiência pessoal dirá se é a hora de insistir ou não -, mas faça-a sentir que o amor está presente, como sempre esteve.

5. Deixe que a criança se expresse e extravase o que sente

Guardar as coisas só para si, sem manifestar o que nos dói, entristece ou desagrada, acaba em somatizações e consequências negativas, tanto emocionais quanto físicas. Na hora da ‘birra’, permita que a criança coloque a raiva, a frustração, a tristeza, a indignação ou qualquer outro sentimento que tenha levado ao descontrole, para fora, onde ela pode ser trabalhada para se transformar em algo produtivo. Para algumas crianças, a expressão física do sentimento negativo ajuda bastante: socar travesseiros pode ser uma ótima forma de extravasar e descarregar a energia negativa que se acumulava do lado de dentro.

6. Peça ajuda

Se você notar que está a ponto de perder o controle e agir de um jeito que não gostaria diante da crise, não se acanhe em pedir ajuda. Quem está do lado de fora às vezes vê a situação com mais tranquilidade e clareza, e pode perceber detalhes e possibilidades que, no calor do momento, tenham passado despercebidas para você. Colocar outra pessoa no diálogo pode dispersar a energia acumulada e colaborar para que todos recuperem a calma e a capacidade de resolver o conflito.

7. Afaste-se

Às vezes, quando estamos perigosamente perto de uma explosão, a melhor pedida é uma saída estratégica. Com crianças de uma certa idade, já é possível avisar que você precisa de um tempo para se acalmar, porque a situação do jeito que está não vai caminhar para lugar nenhum. Vá para um banheiro ou um canto mais tranquilo, jogue uma água no rosto, respire fundo, conte até cem. Olhe para dentro de você para relembrar em que você acredita, e de que maneira gostaria de resolver aquele impasse. Parece incrível, mas muitas vezes alguns poucos minutos de afastamento podem ajudar você a recobrar as forças e retornar ao seu centro, e então voltar para lidar com a situação com as energias renovadas.

8. Dê o exemplo

Seja o espelho de que a criança precisa. Se você não quer que ela grite, não faz sentido gritar com ela. Se você quer que ela mantenha a calma, de nada adiante arrancar os cabelos e chorar em desespero (se for preciso, lance mão da dica 7, e faça isso em um canto tranquilo, para voltar depois). Mantenha a calma, fale baixo, use palavras carinhosas e aja com respeito, para que a criança possa compreender que com serenidade a situação se resolverá mais facilmente. Lembre-se: “children see, children do”.

9. Repita o velho mantra da maternidade: “isso passa”

Acredite: seu filho não estará tendo chiliques e ataques incontroláveis de ‘birra’ às vésperas do vestibular. A vida dos pequenos é feita de fases, esta é uma delas. E é muito importante para que ele aprenda a se conhecer, a lidar com seus sentimentos e a interagir com o mundo. Essa é uma caminhada para a vida toda, e seu filho não precisa de você como um inimigo nessa jornada, mas como seu melhor aliado

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O LADO B DA MATERNIDADE

PORQUE SE FALA TÃO POUCO SOBRE ELE?

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Logo que eu me tornei mãe e que vivi alguns momentos difíceis da maternidade me perguntei por que ninguém nunca havia me alertado que esse lado B também existe. Toda vez que eu conversava com uma mãe, ela se derretia em elogios ao filho, dizia como sua vida tinha mudado para melhor, como pela primeira vez na vida estava vivendo um amor incondicional e como era maravilhoso, soberbo, estupendo, incrível, inexplicável ser mãe.
Sim, tudo isso é verdade, por outro lado, nunca nenhuma delas me chamou num canto e disse: “olha só amiga, quero te contar uma coisa, ser mãe é tudo de bom, mas também tem uma parte bem difícil e chata, e você vai ver as duas coisas. Com certeza!”.
O máximo da parte difícil que eu havia ouvido era: você vai sentir sono, muito sono, vai morrer de sono e nunca mais vai dormir direito na sua vida. Ou, então, o famoso: no início dói para amamentar.
Ponto final! Foi só isso que me disseram. Foi só sobre isso que fui alertada. Sobre tantas coisas que depois eu iria viver, e que com certeza muitas de vocês também viveram ou viverão, ninguém nunca me falou nada.
Nunca ninguém abriu a boca para me dizer que amamentar era muito, muito, muito difícil. Que não era só o bebê nascer, abocanhar o peito, sugar e se alimentar. Que podia ter N fatores que iriam prejudicar a amamentação e que talvez eu não fosse conseguir amamentar como gostaria. Também nunca me alertaram que no início as coisas são muito, mas muito difíceis. Que não é só o não dormir direito, mas é o não dormir, não comer, não tomar banho, não escovar os dentes, não fazer xixi.
E mais do que isso, tem ainda outra coisa muito importante. Também nunca haviam me dito que tem horas que a gente simplesmente enche o saco. Que tem momentos que a gente secretamente se pergunta: Por que tudo tem que ser tão difícil? Por que tenho que estar passando por isso? Por que resolvi ser mãe?
Ah sim, porque tem horas, que mesmo a mãe mais babona, apaixonada, dedicada e mimimi do mundo vai se fazer essa pergunta. Isso porque, sempre haverá um momento em que ela irá chegar no seu limite do cansaço e da paciência.
Agora, volto lá na minha dúvida do início: porque ninguém fala isso? Porque ninguém comenta essas coisas com a gente? Porque todo mundo sempre quer dourar a pílula?
De duas uma: ou querem proteger a futura mamãe do choque que está por vir ou veem essa confissão como algo que as faz menos mãe.
Eu, ando mais inclinada a acreditar que a segunda alternativa é a verdadeira. Que a maioria das mães não mostra o lado difícil das coisas e não confessa que muitas vezes chega no seu limite da sanidade porque acha que fazendo isso irá descer no ranking que elege as melhores mães do mundo. E se tem uma coisa que toda mãe quer ser é a melhor.
Gente, está aí uma coisa ultrapassada, que podia funcionar no tempo das nossas mães e avós, mas hoje em dia não cabe mais.
Estamos no tempo da sinceridade, do ser verdadeiro, do assumir suas falhas e fraquezas sem que isso nos faça menos importantes. Além do mais, hoje, muitas de nós não assumem só o papel de mães, mas também o de profissionais, de voluntárias, de pessoas engajadas na sociedade e por aí afora. Ou seja, quem disse que temos que ser perfeitas como mãe? Quem disse que não podemos confessar que uma hora cansa, que uma hora enche o saco, que uma hora temos vontade de fugir de casa para voltar uns três dias depois? Afinal, é difícil dar conta de tudo, é difícil assumir e conciliar todos os papeis que nos cabem nessa sociedade moderna.
Se alguém tivesse me dito isso antes do Léo nascer, eu teria me culpado menos quando tive esses sentimentos. Só fui descobrir que outras mães também passam por esse momento “saco cheio da maternidade” quando conversei com algumas amigas íntimas e confessei que era isso que eu senti algumas vezes. Aí sim, algumas também confessaram: Ah! é assim mesmo!
Mas então, por que cargas d`’agua nunca me falaram isso antes? Catso!
Gente, então vou dizer, vou deixar bem claro aqui: ser mãe é tudo de bom. Ser mãe é lindo. Ser mãe muda a gente, mudo o mundo, muda tudo para melhor. Mas ser mãe também tem o seu lado B, como tudo na vida.
E ter esses momentos de “putz, tô de saco cheio” não torna ninguém menos mãe. Só a torna humana. Porque vamos ser sinceras, alguém que vê na maternidade uma experiência maravilhosa, edificante, encantadora 100% do tempo, ou está mentindo, ou é de outro mundo. Só acredita que isso é possível quem nunca viveu a experiência de ser mãe.
Talvez irá aparecer mamães por aí para dizer que tudo isso que estou escrevendo é uma bobagem, que não é assim não, que a maternidade é linda, cor de rosa e perfeita. Mas tenho certeza de que em meia hora de conversa vou conseguir arrancar delas pelo menos um exemplo de uma situação em que elas tiveram vontade de arrancar os cabelos e fugir para uma ilha deserta, sem filhos.
A questão é que desses momentos a gente esquece. Na maior parte das vezes. Só os lembra quem ainda os está vivendo. E aí, se culpa, se martiriza, se pune!
Gente, na boa, ninguém é menos mãe porque tem seus momentos saco cheio. E se mais pessoas confessarem isso, em claro e bom som, tenho certeza que a culpa de muitas mães será amenizada.
Bom, estou fazendo a minha parte! Minha confissão está aqui, para quem quiser ver e se conformar! Mas também garanto: apesar dos perregues, dos momentos “putz”, eu faria tudo de novo (e garanto que ainda vou fazer). E não há como negar que o lado B, na grande maioria das vezes, desaparece da nossa memória quando o lado A abre aquele sorrisão.

Por Shirley Hilgert, autora do blog Macetes de Mãe
www.macetesdemae.com