Mari nasceu perfeita, fofa, no tamanho normal, peso ok, nasceu no dia 03 de junho, no mês que queria que ela nascesse, no dia que queria que fosse pra sermos, nós duas do dia 03 (eu de novembro e ela de junho), então meu pacotinho chegou em casa, toda linda, uma fofura, eu repetia pra mim mesma, ela será filha única (sabe de nada inocente), foi tudo ok, ela nunca foi fora da curva, sempre tudo certinho com o desenvolvimento dela...
até que chegamos aos 3 anos, Mariana tinha problemas sérios com volume dos sons, fogos a faziam chorar, e ter dores de cabeça, passos de bailarina (eu jurava que ela seria uma, mas era um sinal que não levei em consideração), e com o passar do tempo ela foi crescendo e notava novos indícios, mas sempre deixei de lado, pensava que era coisa da minha cabeça.
Mariana aprendeu a falar inglês assistindo a vídeos do Youtube, sem professor, sem nunca ter tido aula na escola, até quando o professor de aula pra ela na escola regular, e ele ficou espantado com o sotaque que ela tinha (sotaque norte americano), mas aquela menina que aprendeu inglês autodidata tinha dificuldade de amarrar os cadarços, não conseguia perceber expressões faciais, não tinha sentimentos claros, não sabia identificar quando os outros eram sarcasticos com ela, sofria bullying sem entender que aquilo era de fato sarro que seus colegas de classe faziam com ela.
Minha prima (que também é madrinha do meu filho caçula) me questionou se eu havia levado a mariana pra investigar TDAH*, me peguei com dúvidas e certezas, peguei meus catálogos mentais e fui lembrar quais sintomas que eu via na minha filha, e se de fato eu estava ficando louca... estávamos em meio a um tratamento de puberdade precoce, e até pensei que fosse por causa dos hormônios que ela tava tomando.
Passamos por uma pandemia, eu já grávida do meu filho caçula fui literalmente empurrando com a barriga se de fato minha filha tinha TDAH ou TEA... vivia em negação com algumas afirmações que me fazia: "não, ela é assim porque é assado...", "Não, toda criança é assim...", "ahhh... ela tá tomando leuprorrelina, isso tá afetando ela...", em meio ao nascimento do irmão ela foi mudando de comportamento, as dificuldades na escola só aumentaram, e eu sempre tentava justificar os sintomas que via.
Quando eu cai no chão e quase quebrei o cotovelo, chorando pedi ajuda, notei que ela estava sem entender o que eu tava fazendo, eu pensei: VOU ATRÁS DE SABER O QUE ESSA MENINA TEM, ela tinha apatia, e não sabia perceber dor nos outros, ou identificar as minhas expressões faciais.
Primeiro relatório que fizeram dela, foi na escola particular que ela estudava, em 2023, a professora já foi enfática, investigue, e eu fui a pediatra, com a certeza de que não era nada, que tudo que Mari fazia era porque ela queria chamar a atenção por conta do irmão caçula, a pediatra pediu que levasse ela até uma psicóloga e a psicologa me pediu que levasse até o psiquiatra, e do psiquiatra fomos encaminhadas para o CCTE (Centro de Clínicas de Terapias Especializadas) do plano de saúde, lá ela passou por uma avaliação com vários profissionais, e em fim, foi 1 (um) ano nessa andança... o Laudo saiu... e lá veio as tão temidas palavrinhas: TEA (F.84) e TDAH (F.90), aquele laudo que finalmente chegou e confirmou todas as desconfianças que eu sempre neguei, e tudo fez sentido, não sabia se ria, ou se respirava aliviada, ou se chorava, agora é correr atras de terapias, esporte, e tudo sozinha, sim... porque não tenho o apoio paterno.
A psicóloga foi me orientando: COLOQUE-A PARA FAZER ESPORTE!" e Mari que sempre foi craque em natação, hoje está fazendo KARATÊ!
Se caso seu filho dê sinais, não fique em negação, leve o mais rápido possível, é melhor sanar as dúvidas do que ficar negando pra si o que tá bem na sua cara.
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