sexta-feira, 16 de maio de 2025

Os Benefícios das Artes Marciais para Pessoas com Autismo


Mari tem feito terapia para melhorar a interação dela com o mundo fora da bolha dela, então em uma das prescrições foi a prática de esportes, e como ela já vinha falando que queria fazer Karatê, fomos persquisar mais sobre como as artes marciais iriam ajudar na terapia dela.
As artes marciais vão muito além de chutes e socos. Elas são práticas milenares que desenvolvem corpo e mente, promovendo disciplina, autocontrole e equilíbrio emocional. Nos últimos anos, estudos e experiências de famílias ao redor do mundo têm mostrado como as artes marciais podem ser especialmente benéficas para pessoas no espectro do autismo.

 

1. Desenvolvimento da Coordenação Motora

Crianças e adultos com autismo, muitas vezes, enfrentam desafios relacionados à coordenação motora. As artes marciais trabalham movimentos corporais repetitivos e coordenados, que ajudam a desenvolver equilíbrio, força e controle muscular. Modalidades como o karatê, o jiu-jítsu e o taekwondo oferecem uma prática física estruturada, com progressão gradual e adaptável a diferentes níveis de habilidade.

 

2. Estímulo à Comunicação e à Socialização

Embora muitas pessoas com autismo tenham dificuldades na comunicação verbal e na interação social, o ambiente das artes marciais oferece oportunidades valiosas de interação. O contato com instrutores e colegas de treino ajuda a desenvolver habilidades sociais de forma segura e respeitosa, respeitando o tempo e o ritmo de cada praticante.
 

3. Construção da Autoconfiança

Cada conquista dentro da prática — desde aprender um novo movimento até conquistar uma faixa — reforça o senso de realização. Para pessoas com autismo, que muitas vezes enfrentam críticas ou incompreensão, esse reconhecimento positivo é fundamental para o fortalecimento da autoestima e da autoconfiança.
 

4. Promoção do Autocontrole e da Disciplina

As artes marciais são baseadas em valores como respeito, paciência e disciplina. Com a prática regular, os alunos aprendem a lidar melhor com frustrações, controlar impulsos e manter o foco. Essa estrutura clara e previsível é especialmente útil para pessoas no espectro, que geralmente se sentem mais confortáveis com rotinas bem definidas.

5. Redução da Ansiedade e Melhora do Bem-Estar

A prática constante de artes marciais pode ser uma poderosa aliada no controle da ansiedade. A combinação de exercícios físicos com técnicas de respiração e concentração contribui para um estado mental mais calmo e equilibrado. Além disso, a sensação de pertencimento a um grupo pode reduzir o isolamento social.

Cada pessoa com autismo é única, e os benefícios das artes marciais podem variar de acordo com as necessidades individuais. O ideal é procurar academias que ofereçam acompanhamento especializado e instrutores capacitados para lidar com diferentes perfis de alunos.

As artes marciais, quando praticadas com respeito às particularidades de cada um, podem ser um caminho transformador — promovendo não apenas a saúde física, mas também o crescimento pessoal, emocional e social

E o Karatê? O Karatê é muito mais do que uma arte marcial — é uma ferramenta poderosa de desenvolvimento físico, emocional e social. Para crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista), a prática do Karatê pode trazer benefícios reais no dia a dia, de forma lúdica, estruturada e respeitosa com as particularidades de cada criança.

Por que o Karatê é uma boa escolha para crianças com autismo?

🌟 1. Rotina e Estrutura


Crianças com autismo geralmente se sentem mais seguras quando estão em ambientes com rotina clara e previsível. As aulas de Karatê seguem um padrão: aquecimento, prática de movimentos (katas), interação com o instrutor e finalização. Isso ajuda a criança a entender o que esperar, o que reduz a ansiedade.
 

🤝 2. Socialização em Ambiente Seguro

A interação com colegas e com o professor de forma respeitosa e com regras claras permite que a criança vá, aos poucos, desenvolvendo suas habilidades sociais. Tudo acontece em um espaço controlado e acolhedor, onde o respeito mútuo é fundamental.


💪 3. Melhora da Coordenação e do Equilíbrio

Os movimentos do Karatê trabalham equilíbrio, lateralidade e coordenação motora fina e grossa. Isso é muito importante para muitas crianças com TEA, que podem ter dificuldades motoras. O treino constante ajuda o corpo a ganhar controle e consciência.
 

🧠 4. Foco e Concentração

Durante a aula, a criança aprende a prestar atenção ao que o instrutor diz, a esperar sua vez e a se concentrar nos movimentos. Isso favorece o desenvolvimento da atenção e do autocontrole, tanto dentro quanto fora do tatame.

 

❤️ 5. Autoconfiança e Superação

Cada faixa conquistada é um símbolo de progresso. Isso fortalece a autoestima e mostra para a criança que ela é capaz, sim, de aprender, melhorar e vencer desafios. Com o apoio certo, ela vai se sentindo mais segura e confiante em outras áreas da vida também.

Dicas para escolher uma boa academia de Karatê para seu filho:
✔️ Procure professores com experiência ou abertura para trabalhar com crianças com TEA.
✔️ Converse sobre as necessidades específicas do seu filho antes de começar.
✔️ Observe uma aula antes de matricular — veja se o ambiente é acolhedor e se o professor é paciente.
✔️ Prefira turmas menores ou aulas adaptadas, se necessário.


Então, o Karatê pode ser um grande aliado no desenvolvimento global de crianças com autismo. Com paciência, apoio e respeito ao tempo de cada criança, essa arte marcial pode proporcionar conquistas que vão muito além do tatame.

Se você está buscando uma atividade que una disciplina, diversão, inclusão e desenvolvimento pessoal, o Karatê pode ser o caminho ideal para o seu filho.

segunda-feira, 12 de maio de 2025

Quando um laudo te faz entender tudo...

Mas este laudo não te limita, mas sim te faz entender tudo que passou e você não conseguia compreender os tantos "porquês" pelo caminho... estou desde 2023 procurando entender algumas dificuldades que minha filha vinha enfrentando ao longo de sua vida estudantil, existiam pontos no passado que eu notava, mas não achava que fosse algo pra se preocupar...

Mari nasceu perfeita, fofa, no tamanho normal, peso ok, nasceu no dia 03 de junho, no mês que queria que ela nascesse, no dia que queria que fosse pra sermos, nós duas do dia 03 (eu de novembro e ela de junho), então meu pacotinho chegou em casa, toda linda, uma fofura, eu repetia pra mim mesma, ela será filha única (sabe de nada inocente), foi tudo ok, ela nunca foi fora da curva, sempre tudo certinho com o desenvolvimento dela...

até que chegamos aos 3 anos, Mariana tinha problemas sérios com volume dos sons, fogos a faziam chorar, e ter dores de cabeça, passos de bailarina (eu jurava que ela seria uma, mas era um sinal que não levei em consideração), e com o passar do tempo ela foi crescendo e notava novos indícios, mas sempre deixei de lado, pensava que era coisa da minha cabeça.

Mariana aprendeu a falar inglês assistindo a vídeos do Youtube, sem professor, sem nunca ter tido aula na escola, até quando o professor de aula pra ela na escola regular, e ele ficou espantado com o sotaque que ela tinha (sotaque norte americano), mas aquela menina que aprendeu inglês autodidata tinha dificuldade de amarrar os cadarços, não conseguia perceber expressões faciais, não tinha sentimentos claros, não sabia identificar quando os outros eram sarcasticos com ela, sofria bullying sem entender que aquilo era de fato sarro que seus colegas de classe faziam com ela.

Minha prima (que também é madrinha do meu filho caçula) me questionou se eu havia levado a mariana pra investigar TDAH*, me peguei com dúvidas e certezas, peguei meus catálogos mentais e fui lembrar quais sintomas que eu via na minha filha, e se de fato eu estava ficando louca... estávamos em meio a um tratamento de puberdade precoce, e até pensei que fosse por causa dos hormônios que ela tava tomando.

Passamos por uma pandemia, eu já grávida do meu filho caçula fui literalmente empurrando com a barriga se de fato minha filha tinha TDAH ou TEA... vivia em negação com algumas afirmações que me fazia: "não, ela é assim porque é assado...", "Não, toda criança é assim...",  "ahhh... ela tá tomando leuprorrelina, isso tá afetando ela...", em meio ao nascimento do irmão ela foi mudando de comportamento, as dificuldades na escola só aumentaram, e eu sempre tentava justificar os sintomas que via.

Quando eu cai no chão e quase quebrei o cotovelo, chorando pedi ajuda, notei que ela estava sem entender o que eu tava fazendo, eu pensei: VOU ATRÁS DE SABER O QUE ESSA MENINA TEM, ela tinha apatia, e não sabia perceber dor nos outros, ou identificar as minhas expressões faciais.

Primeiro relatório que fizeram dela, foi na escola particular que ela estudava, em 2023, a professora já foi enfática, investigue, e eu fui a pediatra, com a certeza de que não era nada, que tudo que Mari fazia era porque ela queria chamar a atenção por conta do irmão caçula, a pediatra pediu que levasse ela até uma psicóloga e a psicologa me pediu que levasse até o psiquiatra, e do psiquiatra fomos encaminhadas para o CCTE (Centro de Clínicas de Terapias Especializadas) do plano de saúde, lá ela passou por uma avaliação com vários profissionais, e em fim, foi 1 (um) ano nessa andança... o Laudo saiu... e lá veio as tão temidas palavrinhas: TEA (F.84) e TDAH (F.90), aquele laudo que finalmente chegou e confirmou todas as desconfianças que eu sempre neguei, e tudo fez sentido, não sabia se ria, ou se respirava aliviada, ou se chorava, agora é correr atras de terapias, esporte, e tudo sozinha, sim... porque não tenho o apoio paterno.

A última da minha filha foi crise de ansiedade na escola, eu tinha que fazer uma cirurgia para retirada de vesícula, e pela primeira vez a pimentinha demonstrou sentimento, ela nunca sentiu medo de algo que não lhe causasse dor (ela tem aicmofobia). E a crise foi tão forte que paralisou todo um lado do corpo dela, fomos para emergência, e tomou calmante e passou o resto da semana em casa, se recuperando, e quando questionei sobre: PORQUE A CRISE? ela simplesmente disse que tava com medo da prova de matemática, não fez a prova, após a minha cirurgia que eu já estava em casa, ela refez a tão prova, e tirou 9,5pt, então eu disse: "você não estava com medo da prova, mas sim era um medo inconsciente da minha cirurgia, não é???" e ela sorriu (ela tem um sorriso lindo), e disse que não sabe porque tirou nota boa...

A psicóloga foi me orientando: COLOQUE-A PARA FAZER ESPORTE!" e Mari que sempre foi craque em natação, hoje está fazendo KARATÊ!

Se caso seu filho dê sinais, não fique em negação, leve o mais rápido possível, é melhor sanar as dúvidas do que ficar negando pra si o que tá bem na sua cara.